Ontem fui ao cinema ver um filme que já não se encontra no circuito comercial...consegui vê-lo porque estava numa sessão especial no King...claro que poderia ter visto em dvd, mas confesso que a emoção do cinema numa sala é bem diferente daquela que sentimos em casa...Trata-se de "Lost in Translation" de Sofia Coppola...Saí do cinema profundamente perturbada com a simplicidade e intensidade do filme...a forma como aborda o amor e a estranheza que esse sentimento tão poderoso nos pode provocar...Apesar de o título original nada ter a ver com a tradução para Português ( O amor é um lugar estranho...), não poderia haver melhor frase para definir tanto o filme como o amor em si mesmo...Tóquio, onde se passa a acção, é uma cidade também ela intensa, linda e em simultâneo um autêntico murro no estômago....ali entramos num outro mundo, como se tivessemos avançado algumas dezenas de anos no tempo...é uma cidade que sufoca porque nos aperta a alma...não lhe conseguimos reconhecer o nosso mundo...eu pelo menos não consegui...senti-me como te tivesse sido atirada para uma dimensão à parte...E falando no essencial, ali trata-se os sentimentos...tão simples quanto isto...a forma como caminhamos na vida, como nos prendemos às pessoas que amamos, o porquê desse amor, o porquê do fim...ou o porquê da alteração profunda que ele sofre ao longo do tempo...como se o amor apenas pudesse existir no nosso coração e nas recordações que guardamos do objecto desse amor....porque a convivência diária necessariamente mata...e nada podemos fazer quanto a isso...o amor idílico dos contos de fadas, aquele intenso e insuportável porque nos faz transbordar, só existe numa fracção de tempo de perfeição....e se a deixarmos e nos limitarmos a seguir em frente, nunca morrerá e será sempre assim, perfeito!! Só desta forma o pode ser...Nos últimos momentos do filme, senti um aperto imenso, semelhante a algo que apenas senti quando tinha 14 ou 15 anos...conheci uma pessoa com quem passei 4 dias...foi uma coisa fortíssima...foi num campo de férias e nesse período nunca nos separámos...quando vim embora, lembro-me de vir no carro, no banco de trás a olhar para a estrada e a chorar com a sensação de que nunca mais veria aquela pessoa...foi uma dor insuportável! Foi o que senti ontem também...Definitivamente, o amor é um lugar estranho...
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