terça-feira, setembro 26, 2006

As mulheres e o trabalho...

Antes de escrever qualquer outra coisa, convém ressalvar que não sou feminista.
Faço esta afirmação logo a começar o texto, porque o que pretendo analisar aqui é a forma como as mulheres são tratadas no local de trabalho. Tenho de admitir que em geral, é mais simples trabalhar com homens. São mais práticos e normalmente não perdem tempo com a vida alheia. O branco é branco e o preto é preto. São assim no trabalho como na vida. Honra lhes seja feita. Ao contrário, nós mulheres damos mais importância ao pormenor (forma simpática de dizer que em geral, até nos preocupamos com a vida alheia) e somos infinitamente mais complicadas que eles. O branco pode não ser branco e por vezes 2+2 não é igual a 4. E claro, somos assim primeiro que tudo na vida em geral. A questão é que no trabalho somos tão competentes como eles, nem mais nem menos…e se existe o mais ou o menos tem a ver com a pessoa e não com o género. Mas somos invariavelmente olhadas de lado. Não acreditam na nossa competência e fazem questão de o repetir até à exaustão. Eles são os únicos “autorizados” a falhar. Se nós falhamos, é porque somos mulheres. E ninguém se preocupa em esconder isso. Afirmam-no sem pudor e sem respeito. Isto passar-se-á em muitos locais de trabalho, mas certamente que é prato do dia naqueles onde eles são reis e senhores (por serem a maioria), como é o caso do meu. Quando se fala em descriminação no trabalho devido ao género, fala-se porque é uma realidade. Honestamente, por muito que me custe dizer isto, sei que o problema reside no facto de nós podermos ser tão competentes como eles. Parecem ter receio porque não suportam que seja uma mulher a ter razão, ou que esta lhes possa “roubar” o lugar. Alguns dizem que nós quando estamos em lugares de chefia passamos a ser arrogantes e autoritárias. Eu hoje percebo que isto possa acontecer. A única forma de sobrevivermos e de nos fazermos respeitar é manter uma certa distância e não ser demasiado informal. Se caímos no erro de o ser, a nossa liderança será posta em causa, o trabalho posto em causa e em última análise, “temos um caso” com um qualquer que ande por lá. É nestas alturas que se percebe quão mesquinhos eles também conseguem ser. Não falo por falar. Falo porque é o que vejo diariamente.
Por tudo isto não me surpreende que os nossos salários sejam inferiores, ou que a nossa progressão na carreira seja mais lenta. Acredito também que estas coisas podem mudar, mas levará muito tempo. E pensar que estamos em pleno século XXI e que isso é motivo para tudo ser diferente, é um erro enorme. A mudança está muito longe. Afinal, os meus coleguinhas (de quem até gosto) são rapazes na casa dos 20/30. São a nova geração…e não é por isso…que é diferente…

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